Zika, malária, filariose, dengue, esquistossomose, leishmaniose, doença de Chagas, febre amarela. Esta é uma pequena amostra da extensa lista de doenças transmitidas por vetores. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos são contabilizados mais de um bilhão de casos e cerca de um milhão de mortes em decorrência desses agravos. Os avanços e desafios da pesquisa na área foram discutidos no curso internacional Achievements and challenges for controlling vector-borne diseases in a changing world, promovido pelos programas de pós-graduação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) entre os dias 5 e 23/9, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro. A iniciativa, que beneficiou mais de uma centena de alunos, é parte do compromisso de internacionalização das atividades de Ensino oferecidas pelo Instituto e teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Avaliação positiva
Para o pesquisador da Universidade do Texas Medical Branch (UBMT), nos Estados Unidos, Grant Hughes, a atividade contribuiu para estimular o intercâmbio de conhecimento. “O encontro encoraja e inspira novas gerações a seguir em frente e a desenvolver novas abordagens para combater as diferentes doenças transmitidas por vetores”, salientou o especialista em interações entre patógenos e vetores. “O recente surto de zika no Brasil é uma evidência da importância do estudo das doenças transmitidas por vetores. Diferentes vetores estão transmitindo diferentes patógenos, o que obriga a pesquisa a ir além para entender essas interações”, reforçou Grant.
A médica alemã Cathrin Kodde, que se mudou para o Brasil para estudar doenças tropicais, foi uma das participantes. “Tenho grande afinidade com a área de Medicina Tropical e a Europa, em geral, não é o melhor local para estudar o tema. Vim para o Brasil para pesquisar doenças tropicais, a chikungunya em especial, e outros agravos transmitidos por vetores. O curso foi extremamente importante, porque eu mergulhei em assuntos que eu nunca poderia na Europa”, destacou Cathrin, que atua como pesquisadora visitante no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).
Já Robson dos Santos Souza Marinho, pós-graduando em Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), considerou a diversidade de metodologias apresentadas e a troca de conhecimento como os pontos positivos do evento. “Foi uma experiência única poder conversar com especialistas de diferentes instituições que, com sua experiência, puderam contribuir para a construção do meu projeto”, afirmou. Para a estudante do Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC/Fiocruz, Isabella Dias da Silveira, o encontro ampliou a possibilidade de novas colaborações em pesquisa. “Conheci especialistas renomados com os quais, até então, somente havia tido contato por meio de artigos científicos e publicações em revistas. Além de aprender um pouco mais sobre os estudos em desenvolvimento pelo mundo, esclareci as minhas dúvidas pessoalmente e recebi sugestões sobre o meu trabalho”, afirmou Isabella.
Sobre o curso
As doenças discutidas ao longo do curso são causadas por patógenos e parasitas. Podem ser transmitidas por insetos que se alimentam de sangue, como os mosquitos Aedes aegypti, por exemplo, ou por outros vetores como carrapatos, moscas, flebotomíneos, pulgas, triatomíneos e alguns caramujos aquáticos de água doce.
O curso internacional foi liderado pelo Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Biologia Parasitária do IOC/Fiocruz a partir de um consórcio nacional formado por 14 Programas de Pós-Graduação, distribuídos pelas cinco regiões do país. A iniciativa foi contemplada no edital Escola de Altos Estudos da Capes.
Fonte: Lucas Rocha (IOC/Fiocrz)