Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST

Este material foi produzido pela equipe do Projeto Tele-Educa para ser disponibilizado no site do Telessaúde Acre, visando disseminar informações sobre as diversas doenças de transmissão sexual para estudantes e população geral. Destaca as principais doenças com suas características (sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento), medidas preventivas e as condições que favorecem a transmissão.

O que são IST – A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passa a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo (camisinha masculina ou feminina) com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou amamentação. O tratamento melhora a qualidade de vida do paciente, interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções, é gratuito e está disponível nos serviços de saúde do SUS.

Sintomas das IST
As IST podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos ou verrugas genitais. São alguns exemplos de IST: herpes genital, sífilis, gonorreia, infecção pelo HIV, infecção pelo Papiloma vírus Humano (HPV), hepatites virais B e C.
Essas infecções aparecem principalmente no órgão genital, mas pode surgir também em outra parte do corpo (ex.: palma das mãos, olhos, língua). O corpo deve ser observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma IST no estágio inicial. Sempre que se perceber algum sinal ou sintoma, deve-se procurar o serviço de saúde.
São três as principais manifestações clínicas das IST:
Corrimentos
• Aparecem no pênis, vagina ou ânus.
• Podem ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados, dependendo da IST.
• Podem ter cheiro forte e/ou causar coceira.
• Provocam dor ao urinar ou durante a relação sexual.
• Nas mulheres, quando é pouco, o corrimento só é visto em exames ginecológicos.
• Podem se manifestar na gonorreia, clamídia e tricomoníase.

Feridas
• Aparecem nos órgãos genitais ou em qualquer parte do corpo, com ou sem dor.
• São causadas pelo Papilomavírus Humano (HPV) e podem aparecer em forma de couve-flor, quando a infecção está em estágio avançado.
• Em geral, não doem, mas pode ocorrer irritação ou coceira.

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
• É outra forma de manifestação clínica das IST.
• Decorre de gonorreia e clamídia não tratadas.
• Atinge os órgãos genitais internos da mulher (útero, trompas e ovários), causando inflamações.
Algumas IST podem não apresentar sinais e sintomas, e se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer ou até a morte.

Como é a prevenção das IST
O uso do preservativo em todas as relações sexuais (oral, anal e vaginal) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das IST, HIV/aids e hepatites virais B e C. A camisinha masculina ou feminina serve também para evitar a gravidez e pode ser retirada gratuitamente nas unidades de saúde.

Por que alertar o parceiro
O controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) não ocorre somente com o tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a cadeia de transmissão e evitar a reinfecção é fundamental que as parcerias sejam testadas e tratadas com orientação de um profissional de saúde.

Quais são as IST?
• Cancro mole (cancroide)
• Gonorreia e infecção por Clamídia
• Condiloma acuminado (Papilomavírus Humano – HPV)
• Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
• Donovanose
• Herpes genital
• Infecção pelo HTLV
• Linfogranuloma venéreo (LGV)
• Sífilis
• Tricomoníase
Cancro mole (cancroide)
É causado pela bactéria Haemophilus ducreyi, sendo mais frequente nas regiões tropicais. Transmite-se pela relação sexual com uma pessoa infectada, sem o uso do preservativo.

Sinais e sintomas
• Feridas múltiplas e dolorosas de tamanho pequeno com presença de pus, que aparecem com frequência nos órgãos genitais (ex.: pênis, ânus e vulva).
• Podem aparecer nódulos (caroços ou ínguas) na virilha.

Gonorreia e infecção por Clamídia
São causadas por bactérias (Neisseria gonorrheae e Clamídia trachomatis, respectivamente). Na maioria das vezes estão associadas, causando a infecção que atinge os órgãos genitais, a garganta e os olhos. Essas infecções quando não tratadas podem causar infertilidade (dificuldade para ter filhos), dor durante as relações sexuais, gravidez nas trompas, entre outros danos à saúde.

Sinais e sintomas
• Dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), corrimento amarelado ou claro, fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual.
• A maioria das mulheres infectadas não apresenta sinais e sintomas.
• Os homens podem apresentar ardor e esquentamento ao urinar, podendo haver corrimento ou pus, além de dor nos testículos.

Condiloma Acuminado (Papilomavírus Humano – HPV)
O condiloma acuminado, causado pelo HPV, é também conhecido por verruga anogenital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista. Atualmente, existem mais de 200 tipos de HPV, alguns deles podendo causar câncer, principalmente no colo do útero e ânus.

Formas de contágio
A principal forma de transmissão do HPV é por via sexual, que inclui contato oral-genital e genital-genital. Embora de forma mais rara, o HPV pode ser transmitido durante o parto ou, ainda, por determinados objetos.

Sinais e Sintomas
• Verrugas não dolorosas, isoladas ou agrupadas, que aparecem nos órgãos genitais.
• Irritação ou coceira no local.
• O risco de transmissão é muito maior quando as verrugas são visíveis.
• As lesões podem aparecer no pênis, ânus, vagina, vulva (genitália feminina), colo do útero, boca e garganta.
• O vírus pode ficar latente no corpo: a lesão muitas vezes aparece alguns dias ou anos após o contato.
• As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e pessoas com imunidade baixa.

Vacina contra o HPV
O Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente, que protege contra HPV de baixo risco (tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais) e de alto risco (tipos 16 e 18, que causam câncer de colo uterino).
A vacina funciona estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pela pessoa vacinada, a presença desses anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo. Essa vacina é destinada exclusivamente à utilização preventiva e não tem ainda efeito demonstrado nas infeções pré-existentes ou na doença clínica estabelecida.
A população-alvo prioritária da vacina HPV é de meninas na faixa etária de 9 a 14 anos e meninos de 12 a 13 anos em 2017, 11 a 12 anos em 2018, 10 a 11 em 2019 e 9 a 10 em 2020 – (Nota Informativa n° 311, de 2016/CGPNI/DEVIT/SVS/MS), que receberão duas doses (0 e 6 meses) com intervalo de seis meses, e mulheres e homens vivendo com HIV na faixa etária de 9 a 26 anos, que receberão três doses (0, 2 e 6 meses).
Outro aspecto relevante é que a vacina HPV quadrivalente é segura e os eventos adversos pós-vacinação, quando presentes, são leves e autolimitados. Eventos adversos graves são muito raros; entretanto, quando acontecem, necessitam de avaliação e assistência imediata e adequada de profissionais devidamente qualificados na rede de serviço do SUS.
• A vacina de HPV faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e, portanto, deverá estar disponível nas ações de rotina das Unidades Básicas de Saúde para as adolescentes e mulheres e homens vivendo com HIV incluídas na faixa etária preconizada.
• Não substitui o exame preventivo de câncer de colo uterino.
• Não está indicada para gestantes.

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
É uma síndrome clínica, que ocorre quando a gonorreia e a infecção por clamídia não são tratadas, atingindo os órgãos sexuais internos da mulher, como útero, trompas e ovários, e causando inflamações.

Formas de contágio
Essa infecção pode ocorrer por meio de contato com as bactérias após a relação sexual desprotegida. A maioria dos casos ocorre em mulheres que tem outra IST, principalmente gonorreia e infecção por clamídia não tratadas. Entretanto também pode ocorrer após algum procedimento médico local (inserção de Dispositivo Intra-Uterino (DIU), biópsia na parte interna do útero, curetagem).

Sinais e sintomas
• Dor na parte baixa do abdômen (no “pé da barriga” ou baixo ventre) e durante a relação sexual.
• Dor abdominal e nas costas.
• Febre, fadiga e vômitos.

Donovanose
É uma IST crônica progressiva, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Acomete preferencialmente a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele infectada. É pouco frequente, ocorrendo na maioria das vezes em climas tropicais e subtropicais.

Sinais e sintomas
• Após o contágio, aparece uma lesão que se transforma em ferida ou caroço vermelho.
• Não dói e não tem íngua.
• A ferida vermelha sangra fácil, pode atingir grandes áreas e comprometer a pele ao redor, facilitando a infecção por outras bactérias.

Herpes genital
É causado por um vírus. Em mulheres, durante o parto, o vírus pode ser transmitido para a criança se a gestante apresentar lesões por herpes. Por ser muito contagiosa, a primeira orientação a quem tem herpes é uma maior atenção aos cuidados de higiene: lavar bem as mãos, não furar as bolhas, evitar contato direto das bolhas e feridas com outras pessoas, não aplicar pomadas no local sem recomendação profissional.

Sinais e sintomas
Após o contágio, os sinais e sintomas podem aparecer em média após seis dias e geralmente são:
• Pequenas bolhas agrupadas que se rompem e tornam-se feridas dolorosas no pênis, ânus, vulva, vagina ou colo do útero. Essas feridas podem durar, em média, de duas a três semanas e desaparecem.
• Formigamento, ardor, vermelhidão e coceira no local, além de febre, dores musculares, dor ao urinar e mal-estar.
• Os sinais e sintomas podem reaparecer, dependendo de fatores como estresse, cansaço, esforço exagerado, febre, menstruação, exposição prolongada ao sol, traumatismo ou uso de antibióticos.

Infecção pelo HTLV
É causada pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV), que atinge as células de defesa do organismo, os linfócitos T. O HTLV foi o primeiro retrovírus humano isolado (no início da década de 1980) e é classificado em dois grupos: HTLV-I e HTLV-II.

Formas de contágio
A transmissão do HTLV ocorre pela relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, compartilhamento de seringas e agulhas durante o uso de drogas e da mãe infectada para o recém-nascido (também chamado de transmissão vertical), e principalmente pelo aleitamento materno.

Sinais e sintomas
A maioria das pessoas infectadas pelo HTLV não apresentam sinais e sintomas durante toda a vida. Dos infectados pelo HTLV, 10% apresentarão algumas doenças associadas a esse vírus, entre as quais pode-se citar: doenças neurológicas, oftalmológicas, dermatológicas, urológicas e hematológicas (ex.: leucemia/linfoma associada ao HTLV).

• Feridas nos órgãos genitais (pênis, vagina, ânus e colo do útero) que, muitas vezes, não são percebidas e desaparecem sem tratamento.
• Entre uma a seis semanas após a ferida inicial, surge um inchaço doloroso (caroço ou íngua) na virilha, que, se não for tratado, rompe-se, com a saída de pus.
• Pode haver sintomas por todo o corpo, como dores nas articulações, febre e mal-estar.
• Quando não tratada adequadamente, a infecção pode agravar-se causando o acúmulo de linfa no pênis, escroto e vulva.

 

Prevenção
Usar camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais e não compartilhar seringas, agulhas ou outro objeto cortante.
Linfogranuloma venéreo (LGV)
É uma infecção crônica causada pela Chlamydia trachomatis, que atinge os órgãos genitais e os gânglios da virilha. É popularmente conhecida como “mula”.

Sífilis
É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.
Formas de contágio
A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou da mãe infectada para a criança durante a gestação ou o parto.
O uso correto e regular da camisinha masculina ou feminina é uma medida importante de prevenção da sífilis. O acompanhamento da gestante durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita.

Sinais e sintomas
Sífilis primária
• Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio.
• Não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.
Sífilis secundária
• Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento da ferida inicial e após a cicatrização espontânea.
• Manchas no corpo, principalmente, nas palmas das mãos e plantas dos pés.
• Não coçam, mas podem surgir ínguas no corpo.
Sífilis latente – fase assintomática
• Não aparecem sinais ou sintomas.
• É dividida em sífilis latente recente (menos de um ano de infecção) e sífilis latente tardia (mais de um ano de infecção).
• A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis terciária
• Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção.
• Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Diagnóstico
O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em no máximo 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DDAHV/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica dessa IST.
Quando o TR for utilizado como triagem, nos casos positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do diagnóstico.
Em caso de gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.

Sífilis congênita

É uma doença transmitida de mãe para a criança durante a gestação. São complicações dessa forma da doença: aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer.
Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo, tratar corretamente a mulher e seu parceiro sexual, para evitar a transmissão vertical.
Sinais e sintomas
Pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida da criança. Na maioria dos casos, os sinais e sintomas estão presentes já nos primeiros meses de vida. Ao nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental. Em alguns casos, a sífilis pode ser fatal.
Diagnóstico
Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais.

Tricomoníase
É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis.

Formas de contágio
A transmissão ocorre pelo sexo desprotegido com uma pessoa infectada. É necessário cuidar da higiene íntima após a relação sexual. Pode atingir o colo do útero, a vagina, a uretra e o pênis.

Sinais e Sintomas
• Dor durante a relação sexual.
• Ardência e dificuldade para urinar.
• Coceira nos órgãos sexuais.
• Corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado, bolhoso.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de vigilância, prevenção e controle das ist, do HIV/aids e das hepatites virais. Disponível em <http://www.aids.gov.br/ist>. Acessado: 10, Abril, 2017.

 

 

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