Núcleo Telessaúde Acre, Sesacre e Ufac implementam canal de teleorientação sobre o Novo Coronavirus no Acre

O “Disque Coronavirus” busca fornecer, através do WhatsApp, informações referentes ao COVID-19, para evitar que as pessoas desrespeitem a quarentena. 

O Núcleo Telessaúde Acre, em parceria com os acadêmicos de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac) e com a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), cria o “Disque Coronavirus”, um plantão de informações e orientações acerca do COVID-19. Este serviço, prestado de forma voluntária por médicos e acadêmicos de medicina, está ativo e disponível para toda a população desde a última segunda-feira (23) através de mensagens pelo aplicativo WhatsApp.  

O Disque Coronavirus funciona com atendimento 24h através dos números (68) 99996-0593, (68) 99226-4748 e (68) 99228-5036, bem como através do telefone fixo (68) 3215-2400, das 8h às 17h. Para isto, basta mandar uma mensagem com as dúvidas e questionamentos. O atendimento é fácil, instantâneo, com equipe capacitada e com protocolos para todas as ações. Em média, são realizados 250 atendimentos por dia, seja por mensagem de texto, seja por ligação.  

A intenção desta rede de contatos é de, além de fornecer informações precisas a respeito do Coronavirus, salientar a importância da identificação dos sintomas provenientes da doença, bem como da procura dos hospitais apenas se realmente necessário. Acredita-se que, a partir deste serviço, a população acreana possa sanar seus questionamentos em casa, respeitando a quarentena e contando com ajuda médica à distância.  

Arte de divulgação do “Disque Coronavirus”.

 

INTERAÇÃO E INSTANTANEIDADE 

A equidade no atendimento é um dos pilares deste novo serviço. De acordo com o médico cardiologista e professor de Clínica Médica da Universidade Federal do Acre, Dr. Odilson Silvestre, o aplicativo de mensagens WhatsApp permite interação e instantaneidade.

“Ele (WhatsApp) permite que a gente veja a pessoa e faça uma ligação com vídeo. Assim, nós melhoramos a nossa avaliação. Nós precisamos avaliar os sintomas, ver as pessoas e isto nós conseguimos fazer através desta ferramenta […] As pessoas podem mandar vídeo, falar palavras que permitem que nós avaliemos a gravidade e, assim, definirmos se a pessoa pode ficar em casa ou se precisa procurar atendimento presencial”, ressalta. 

Silvestre destaca, também, o reforço à prevenção do Novo Coronavirus realizado por este mecanismo, falando da necessidade do isolamento social e higiene. Para os que apresentam sintomas, há a orientação com medicamentos que são indicados após uma profunda e detalhada avaliação e recomendados somente após a aplicação de um questionário que permite entender a gravidade e ver, especialmente, a falta de ar. 

“Através da ferramenta de vídeo, fazemos uma avaliação com o aluno de internato (que são estudantes de medicina do último ano) juntamente com o médico infectologista ou outros (médicos) que estão dando o suporte para eles. Nós damos orientação de como se isolar dentro de casa para aqueles que estão com suspeita de Covid-19, sobre vacinação, uso de luva, máscara e como proceder com as crianças e grávidas”, afirma o professor. 

Dr. Odilson Silvestre. Foto: Altino Machado.

 

TRATAR SEM SOBRECARREGAR O SUS 

De acordo com o organizador, a pessoa faz a ligação ou manda mensagem, o aluno de medicina atende e faz a triagem. Os que apresentam maior gravidade são discutidos com o médico e, depois, concluem se o tratamento deve ser em casa ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Os que estão com síndrome do pânico ou algum problema psicológico, há o encaminhamento para o plantão especializado. 

“O Disque Coronavirus é importante porque a pandemia é uma realidade. Porém, ela permite que nós tratemos as pessoas em casa sem sobrecarregar os serviços de saúde, para ir às UPAs apenas as pessoas que estão mais graves. Assim, a gente não ocupa demais o nosso sistema de saúde e isso permite o melhor direcionamento dos recursos humanos e insumos. A teleorientação é fundamental para o nosso sistema de saúde e para que as pessoas fiquem bem”, finaliza. 

ACADÊMICOS EMPENHADOS

Na linha de frente do combate ao vírus, os acadêmicos da saúde têm sido peças fundamentais. Organizado pelos estudantes do último ano de medicina da Ufac, o Disque Coronavirus tem sido um grande aprendizado na formação profissional. De acordo com o acadêmico interno de medicina, Eduardo Gollo Bruneto, os futuros médicos estão se empenhando para prestar serviços de qualidade à população. 

“O nosso projeto já tem atendido a população desde segunda-feira, nós já estamos contabilizando por volta de 500 atendimentos… são 500 pessoas que evitaram ir à UPA desnecessariamente, tiveram suas dúvidas esclarecidas através do WhatsApp e do telefone, e são essas pessoas que conseguimos reduzir a possibilidade de contaminação que elas poderiam ter ao sair de suas residências. É sempre importante lembrar que estamos reforçando as instruções de prevenção com relação ao Coronavirus, bem como o reforço da recomendação de isolamento social”, ressalta. 

Os internos trabalham em equipes. A divisão é feita para que cada grupo atue da melhor forma possível. Bruneto salienta a dedicação dos estudantes e diz que os resultados estão sendo positivos, dentro da melhor forma.

“Tem grupos produzindo EPIs, produzindo orientações mais didáticas, triando os sintomas […] o que eu vejo é uma dedicação por conta de todos os acadêmicos. Essa é uma doença que tem gerado, realmente, uma grande preocupação na sociedade. De fato, eu acho que a atuação tem sido muito positiva e os resultados que vimos no grupo tem sido animadores, as pessoas estão acolhendo a ideia”, finaliza. 

Acadêmicos de Medicina da Ufac produzindo Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Foto: Reprodução/Internet.

 

SOBRE O CORONAVIRUS 

O Coronavirus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias. Apesar de já ter registros desta doença na década de 1930, o novo agente, SARS-CoV-2, responsável pela propagação do vírus, foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 em Wuhan, na China. Seu formato microscópico se assemelha a uma coroa.  

A COVID-19, declarada como pandemia mundial no dia 11 de março pela Organização Mundial da Saúde (OMS), está presente em todos os continentes. De acordo com a Escola de Medicina John’s Hopkings, nos EUA, mais de 380 mil pessoas tiveram o Novo Coronavirus e mais de 16,5 mil morreram no mundo todo. Na China, onde começou o surto, tem sido registrado mais de 80 mil casos e cerca de 3 mil mortes. Já na Itália, o epicentro da doença na Europa, o impacto foi mais negativo ainda: mais de 63 mil casos e cerca de 7 mil mortes. Além disso, detém o maior pico de mortes do mundo em apenas 24 horas: 793. 

Na tentativa de conter a propagação ainda mais acelerada, algumas medidas estão sendo tomadas. As Olimpíadas de Tóquio, por exemplo, marcadas para começar no dia 24 de julho de 2020, foram adiadas para 2021. Esta é a primeira vez, na modernidade, que Olimpíadas e Paraolimpíadas são adiadas. Os últimos cancelamentos foram em 1916, 1940 e 1944, por conta da Primeira e Segunda Guerra Mundial. 

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Olimpíadas de Tóquio 2020 foram adiadas por conta do Novo Coronavirus. Foto: Reprodução/Internet.

 

CORONAVIRUS NO BRASIL 

O primeiro caso de COVID-19 no país, de acordo com o Ministério da Saúde, deu-se no dia 23 de fevereiro, em São Paulo (SP). O paciente esteve na Itália durante o surto de casos. Manteve-se este número até o dia 05 de março, onde cinco pessoas foram diagnosticadas.  

Desde então, até o fechamento desta reportagem, contabiliza-se mais de 2,4 mil casos e 48 mortos de acordo com o Ministério da Saúde. Destas mortes, 40 ocorreram no estado de São Paulo, seis no Rio de Janeiro, uma em Pernambuco e outra no Amazonas. A primeira vítima fatal, um paciente de 62 anos com comorbidades – doenças pré-existentes –, foi a óbito no dia 17 de março em SP. Conforme as informações divulgadas pelo Governo do Estado de São Paulo, além da Covid-19, ele tinha histórico de diabetes e hipertensão. Vale ressaltar que todos os estados possuem casos de pessoas infectadas. 

Brasileiros seguem aflitos com o crescimento do número de casos do Novo Coronavirus. Foto: Reprodução/Internet.
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO ACRE 

Já no estado do Acre, os três primeiros casos foram confirmados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) no dia 17 de março, sendo todos em Rio Branco, capital do estado. Dois deles vieram de São Paulo e, o outro caso, de Fortaleza (CE). No entanto, mantiveram-se em quarentena domiciliar. Até esta terça-feira (24), de acordo com a Sesacre, foram notificados 21 casos no Acre, mantendo-se, assim, como o segundo estado da região Norte com mais infectados. Em primeiro, tem-se o estado do Amazonas, com 45 casos. 

O governador do estado, Gladson Cameli, suspendeu todas as atividades escolares por 15 dias durante a coletiva de imprensa ocorrida na última terça-feira (17). Além disso, também ficam suspensas pelo prazo de 15 dias, através do Decreto Estadual de nº 5.496, a realização de eventos com aglomerações de pessoas; o funcionamento de quaisquer estabelecimentos que não forneçam à população os suplementos básicos necessários, como alimentos e remédios; bem como de eventos religiosos e de agrupamento de pessoas em locais públicos. 

Vale ressaltar que essas medidas têm a intenção de evitar a transmissão comunitária do Covid-19, uma vez que a doença possui a fase assintomática, caracterizada por não haver sintomas. 

O governador do Acre, Gladson Cameli, na coletiva de imprensa sobre os três primeiros casos do Novo Coronavirus no estado. Foto: Reprodução/Internet.